segunda-feira, 9 de junho de 2008

Esperanças no porvir


52.

Estava calor. Sentia-se o calor a subir a temperatura daquele já longo dia. Seria seguramente o mais quente de todos os dias daquele ano. Os religiosos sabiam que Ferreira estava perto, como se os odores lhes trouxessem essa informação. Padeciam de tantas maleitas que alguns carregavam os colegas e camaradas apoiados às costas. Outros vinham montados aos pares nas cansadas garupas de mulas de carga, burros, algumas éguas mais valorosas e resistentes. Outros caminhavam sentindo dores nos pés e na alma mas aliviavam-se com as orações e com as vistas agora já novamente conhecidas. Os Templários davam conta, ao longe, de uma disforme mancha que dançava cinzenta no horizonte mas que aos poucos se ia tornando cada vez mais focada. Perceberam que vinham ao seu encontro. Guardaram essa notícia, não fosse o diabo tecer alguma teia de incontrolados pânicos pelo grupo que protegiam.
- Serão os nossos? Ainda é grande a distância para que consiga dar conta dessa informação. Vou fazer uma rápida investida pela retaguarda do grupo que lá vem para tentar saber quem serão e quais os seus propósitos!
Com estas palavras e sem tempo para ouvir qualquer resposta, avançou o cavaleiro rumo àquele grupo que se começava a adivinhar à distância de uma dezena de minutos, não mais. Ordem foi dada à restante procissão para parar e restabelecer as forças para a restante jornada agora mais curta, pois Ferreira fazia-se já adivinhar.
Passaram dez, vinte minutos, meia-hora. A hora aproximou-se como a vinda do cavaleiro que trazia as notícias de bonança.
- São os nossos! Estão perto e vieram em nosso alcance! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Abençoados sejam os anjos do Senhor!
Uma enorme euforia ganhou asas nas preces e agradecimentos divinos por todos libertados das mais espontâneas formas.
- Venho dar conta que Fernando Dias e o restante grupo estão já ali adiante dando-nos indicação de que Ferreira passou incólume ao previsto ataque dos bárbaros assassinos. Vieram em nosso auxílio para nos escoltarem nos restantes passos do regresso. Trazem consigo mais água e alimentos para a restante jornada em falta. Devem organizar grupos com aqueles que de entre vós estejam mais necessitados de auxílio para recuperarem as forças e curar maleitas.Todos, sem excepção, se ergueram e das fraquezas arranjaram forças para aos mais necessitados fazerem chegar o amparo devido. Ainda se sentia no bater desta paisagem os acelerados ritmos cardíacos dos padres e demais figuras do grupo que lhes transmitiam ruídos compassados.
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