segunda-feira, 16 de junho de 2008

Interlúdio em Ferreira



63. A

O Templário Adalberto encontrava-se em repouso junto a uma zona do estaleiro de Ferreira de onde se podia admirar toda a grandiosidade da construção do templo. Um dos arquitectos de Castela dava-lhe indicações acerca do andamento dos trabalhos. Apontava para uma zona inacabada do tecto do edifício. Ia desenhando com a mão direita invisíveis linhas no espaço, pretendendo com elas dar ideia ao templário de como ficará a obra após a sua conclusão. Aproximei-me de forma tranquila e aguardei pela conclusão das explicações que o arquitecto ia fornecendo ao Templário. Entendi, de algumas de suas palavras, que o monumento trazia preocupados alguns dos pedreiros da obra pela delicada exigência ornamental dos capitéis. Alguns artífices e mestres vindos de Coimbra teriam tido dificuldade em entender as maneiras distintas de trabalhar a pedra por parte dos seus congéneres de Castela. Também a exigência, em matéria de engenharia, dos trabalhos de levantamento da abóbada da capela-mor, têm atrasado a obra e colocado problemas que só um árabe da sua equipa de mestres pedreiros parecia conseguir resolver.
- Senhores, desculpem interromper vossas mercês! Mestre Fernando Dias, meu senhor, ordenou-me de junto a si vir dar conta que deseja vossa presença para tratar importantes assuntos. Venho também conceder-lhe companhia e indicar o local para onde nos devemos dirigir.
Adalberto despediu-se informalmente do arquitecto, dirigiu-se a meu encontro e juntos avançámos para o local onde Fernando Dias e Gonçalo de Arriconha se encontravam. Depois de cinco boas centenas de metros termos percorrido chegámos junto ao abrigado local. Entrámos, com Adalberto á frente.
- Senhor, aqui estamos, conforme seu pedido.
Fernando Dias deu-me sinal para voltar a meu exercício anterior. Indicou a Adalberto um local para se sentar, olhou com gravidade para o pequeno rapaz e deu continuação a conversas que foram mantendo até já a noite ter descido sobre Ferreira.
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