sábado, 21 de junho de 2008

A caminho da capital do reino


69.

Nas conversas demoradas pelas divinas razões existentes nas palavras de Gonçalo de Arriconha, se adivinham tempos em que figuras muito humildes e de irrepreensível humanidade cristã surgirão com novos padrões de modéstia, candura e esforço, na procura do correcto desempenho das práticas da vida de Cristo. Tais figuras terão tremenda responsabilidade na visão distinta e despida das apetecíveis terrenas riquezas com as quais as actuais cúpulas religiosas se vão actualmente “embriagando”. Serão esclarecidas por Nosso Senhor, segundo as palavras de Gonçalo, através de uma variedade de sinais, visões, divinas indicações ou outras formas sagradas com que Deus lhes fará chegar a sua mensagem e destino. As exigências exigidas na defesa do verdadeiro reino do Senhor, constantemente ameaçado pelas humanas formas de actuar, fazem também com que este Ocidental reino de Portugal, tão recentemente criado, seja iluminado e abençoado por Deus. Foi esta jovem nação e suas gentes consideradas de vital importância para o futuro da palavra do Senhor.
Assim ia Adalberto fazendo caminhar as palavras do jovem num registo escrito para que nada se pudesse esquecer daquele encontro, para que o necessário exame desapaixonado que a presença forte em carácter de Gonçalo de Arriconha lhes configurava, com espantosa firmeza e sábio fundamento. Era por demais evidente que Fernando Dias já tinha entendido, tal como Adalberto, que seria muito importante para este grupo de Templários de Idanha poder contar no seio do seu grupo com tão extraordinária companhia. São evidentes os dotes premonitórios do rapaz. A importância de que se revestem valida a extraordinária força da sua alma imensa, suportada por tão pequeno corpo de gente. Se El rei Dom Sancho I o conhecer contará com a força dos segredos que carrega. Os Templários se encarregarão de dotar tão franzina figura da protecção necessária e devida. Para tal deve Gonçalo ser consultado, dar conhecimento a quem o protege sob a alçada do bispado de Braga. Gonçalo, como se conseguisse dar conta destes pensamentos sobre acompanhamentos novos em seu destino mais próximo, saltou da cadeira de forma resoluta e em pé, com os olhos bem fixos nos de Fernando Dias assim falou:
- Mestre Fernando. Mais importante do que me conduzires secretamente e com a protecção devida à presença de El rei Dom Sancho I, será a rapidez com que deve proporcionar essa viagem. Seguramente nunca a sua real figura passou por um tão grande perigo de vida como o que agora paira sobre a sua coroa. Outras vidas, daqueles que lhe são mais chegados no lidar as coisas mundanas do dia a dia da corte, padecem do mesmo perigo de morte, pois assim o começo intensamente a sentir. Desaparecimentos estranhos de relevantes símbolos divinos, a aparição de outros igualmente divinos com misteriosas implicações, são já sinais das mudanças que se começam a conjugar no Reino de Nosso Senhor e da estratégica utilização deste nosso pequeno reino terrestre para dar passagem a essas importantes mensagens sagradas. Em Coimbra se conjuga a sorte deste Reino e de lá surgem sinais de importância vital para os destinos em Terra da palavra de Deus Nosso Senhor.
O mestre Templário ergueu-se sem nada dizer e olhou para Adalberto, que trazia no rosto a marca da preocupação. Dirigiram-se para Gonçalo, um de cada lado lhe ampararam os braços puxando-o com ligeireza para fora daquele lugar. Passaram por mim em passos apressados e deram comando para os acompanhar imediatamente.
- Não resta a mais pequena dúvida que o caminho que daqui seguiremos será o da capital do reino que devemos alcançar o quanto antes!
Foram estas as palavras que no final das mais de quatro horas de conversas secretas saíram, com a força da preocupação, da boca de meu senhor Fernando Dias!
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