quarta-feira, 7 de maio de 2008

Dar início à função

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Dar intenção hoje, dia 7 de Maio, quarta-feira, de contar histórias por aqui. Adicionar os pensamentos de tantos temas, sumos e paixões de sóis iluminados. A Luz dá o tempero necessário para olhar os dias de frente. Dar pois início a esta função de escriba da alma, do sonho e do sabor das coisas. O vento pincela de tons tranquilos o papel manteiga. A seara rodopia ao seu gosto. Os pássaros bailam de quando em vez, aleatoriamente. A minha mão sente a fresca temperatura da terra por baixo de mim.

Esta vontade de escrever vem crescendo, sentida como formigueiro, sair e a sair e a sair...Vai fazer-se a sua vontade e colocar essa cócega por aqui. Serão depois criadas personagens saídas dessa corrente. Talvez relacionadas umas com as outras, caminhos separados ora unidos. Caminhos percorridos com vagar, rapidamente, porque o tempo é insano. Esta é a vontade de fazer que eu adoro, como respirar. Fazer crescer a alma ao ver crescer a dos outros que ajudamos a crescer também. Pisar com garra. Andar descalço pela vida como os putos felizes ao pisar a areia do conforto das plantas dos seus pequenos pés.

Baloiçar, derrapar, descer com vertigem e rapidez o escorrega aquático de joelhos com os braços bem levantados.

Sabia que ia chegar o dia das compras e as nuvens não estão em saldo. São bem caras as nuvens. Estão cada vez mais difíceis de comprar. Contudo o seu sustento não fica descontrolado, daí o esforço inicial muitas vezes sair bem recompensado com o passar do descanso. A minha nuvem ainda não tem o seu preço marcado. Não sou desses tipos esquisitos que acham que podem desejar tudo na sua nuvem. A surpresa têm-na depois, quando lhes dizem que, afinal, as nuvens do seu desejo foram dadas aos pobres. Era dia de tratar com carinho as almas dos que tremeram pela vida fora. Vai uma apostinha em como relincharam de raiva incontida, esses esquisitos. Passou-lhes um sopro grande pela cara e nunca mais deles se por aqui ouviu. São facilmente descartáveis e o seu cheiro sente-se ao longe. Só mesmo eles já estão com as narinas saturadas. Uma folhinha de louro que os temperasse! E assim se perde o direito a comprar uma nuvem por um pensamentozinho de nada. Raios partam a censura da alma que está sempre avariada. Não se sabe controlar essa sonsa. Carimbá-la com defeito de fabrico ao raio da estuporada que afinal de nada serve, só quando a falar nos entendemos. Quando nos deixa a sós connosco no vazio desta ilha que somos, falha sempre. É óptima nesse falhanço estropiado. Óptima.

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