terça-feira, 27 de maio de 2008

Pacto de desígnios cruéis

34.

- Navegação cruel a das almas! Os ventos que as sopram desviam-se tantas e tantas vezes das suas rotas, atirando-as com desdém ao sabor dos seus ocultos propósitos. Os caminhos da perdição procuram esconder-se nas vontades humanas de conquista. Desdobram-se e escamoteiam-se em distintas formas humanas para almejarem os seus intentos. São, contudo, bem visíveis. Na maioria das vezes a ilusão procurada no disfarce passa a ser a realidade que desejava ocultar.
Foi alimentado por estes pensamentos que meu senhor Fernando Dias deu continuação a nossa conversa. A noite avançava já pela madrugada. O frio sentia-se nas palavras que saíam em forma de nuvem húmida das bocas. Destas suas últimas considerações confessei que me escaparam em compreensão. Os relatos por si feitos dos relacionamentos e reais interesses do Rei Afonso IX de Leão ainda consegui acompanhar. Sempre que alguma das suas considerações me ia escapando na compreensão, colocava questões a meu senhor Fernando Dias que delas me ia dando entendimento.
- Este real senhor Afonso IX de Leão, por informações que me foram transmitidas por membros da nossa ordem vindas de Castela, tem propósitos bem maquinados desde os tempos passados em que Al Mansur assinou, com imensos benefícios, tréguas com os reinos de Navarra, Leão e Castela, após a batalha de Alarcos. Um grupo de mercenários vindos do norte de África, misturados com Zanatas e outras bárbaras tribos guerreiras berberes, foram por Afonso IX de Leão convocados a sua presença de forma secreta e com perversas intenções. Suspeita-se que com estes guerreiros mercenários de cruel fama assassina firmou Afonso de Leão um pacto de desígnios cruéis. A sua imensa vontade em travar o crescimento da nossa ordem Templária associada à intenção em travar o avanço de Sancho I e do reino de Portugal para sul do Tejo seria agora possível.

Sem comentários: