quinta-feira, 29 de maio de 2008

Louvado seja o Senhor


35.

Três Templários correram freneticamente, como desesperados, pela escuridão daquela madrugada na senda de Ferreira, para dar aviso do possível ataque aos clérigos do mosteiro. Tinham ordens de Fernando Dias para salvaguardarem a sua cavalgada do grupo perseguido não fossem estes criar intenções de os travar pelo número nesta sua arriscada missão de aviso. Passaram por territórios quase sem deles darem conta. Avançaram velozes por estreitos riachos como setas, cavalgaram nos seus corcéis até os esvaírem em exaustão. Ferreira parecia não ser mais do que um lugar no meio de nada. Julgaram terem-se perdido naquela obscuridade, tanto mais que a manhã se apresentou cinzenta como as almas. Severidade e consternação iam alimentando os seus pensamentos. Imagens de defuntos padres, sangue e cheiro a morte começavam a fazer escrita nas lembranças de suas memórias. Não deram conta que alguns monges se apresentavam a serviço dos mestres arquitectos bem cedo naquele dia do Senhor. Ficaram aliviados por verificar que nenhum deles parecia aflito ou afectado com trágicos acontecimentos.
- Depressa, sejamos rápidos na passagem do aviso! Deveis todos sem excepção tocar os sinos a rebate e dar aviso de que devem abandonar o mais rápido possível as paredes deste santo local! Bandidos da pior impiedade ameaçam saquear e destruir vidas, gentes e construções sagradas sem pinga de misericórdia. Estamos seguros de que se encaminham para aqui. É urgente pegar em mantimentos, armas para defesa e animais para nos deslocarmos com rota a local seguro. Cavaleiros Templários vêm em nosso auxílio. Apenas necessitamos de lugar de firme tranquilidade para rapidamente avançarmos em sua direcção. Ide e avisai todos os que convosco aqui vivem e habitam!
A tranquilidade daquele alvorecer ficou assim ceifada à nascença. Os monges, padres, mestres de ofícios distintos, o abade prior e o arquitecto chefe da obra monástica, todos sem excepção se organizaram como puderam na fuga daquele local ameaçado por destino demente. Nosso Senhor assim o quis. Estas almas ainda poderão dar alento ao porvir com o sonho esperançado do Divino Espírito Santo.
Louvado seja o Senhor!
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